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PEDRO EIRAS, Inferno
(pp. 47-48)
Inferno saiu em 2020, um ano muito especial para toda a humanidade por causa da pandemia. Todavia, foi uma simples coincidência: escrevi os poemas de Inferno antes do surgimento do covid-19, e a edição em 2020 foi programada antes da disseminação da doença pelo planeta. Em 2021 publiquei Purgatório e aí, sim, introduzi algumas referências, mais ou menos indirectas, ao contexto desta ameaça concreta. Por outro lado, claro que os nossos olhos estão muito impressionados pela pandemia, e acabamos por ler algumas páginas destes livros através do medo que todos temos vivido. Quero dizer, projectamos nos poemas os nossos próprios terrores; talvez toda a leitura de poesia transforme os poemas em espelhos das nossas emoções...
Sempre quis escrever poesia – e sempre achei que era impossível para mim. Há vinte anos que publico livros de ficção, teatro, ensaio (e muitas vezes ensaios sobre poesia), mas sempre senti uma espécie de terror perante a ideia de escrever poemas. Por isso, criei os poemas de Inferno em 2019, aproveitando algumas ideias ou mesmo alguns textos dos anos anteriores. Mas escrevi esse livro dentro de mim durante vinte, trinta, quarenta anos... Quero dizer, esperei muito tempo por este Inferno, e publiquei-o com 44 anos. Nel mezzo del cammin della mia vita, digamos...
Dante é imenso, magnífico, assombroso, e claro que a ideia de lhe responder faz medo. Mas eu gosto, sempre gostei dos projectos que fazem medo; em vez de me paralisarem, obrigam-me a escrever. E depois, existe em Dante um universo de referências que acho fascinantes: a ética, o bem e o mal, o castigo e a recompensa, o imaginário medieval da viagem espiritual, o poder da poesia... Como não responder a isto tudo, mesmo que seja com as minhas pequenas palavras? Sim, claro que há um pouco de loucura nesta decisão de escolher Dante como meu guia pelos reinos metafísicos – mas eu estou fascinado por essa loucura, por essa deriva...
Reescrever o Inferno (mas também o Purgatrio e o Paraíso), foi sempre uma experiência muito feliz, um encontro com a linguagem, um diálogo de mim comigo mesmo, em que normalmente eu falo pouco e ouço muito. Escrever este livro foi em grande parte um trabalho de escuta, como se os poemas estivessem escritos no meu interior há muito tempo, e eu apenas precisasse de lhes prestar atenção. Claro que, depois, há sempre muito trabalho de reescrita, correcção, um enorme esforço para apagar o que está a mais. Mas mesmo esse trabalho de oficina foi feliz e surpreendente: era como se eu estivesse a rever o livro de outra pessoa.
A minha ligação com Dante e a Divina Comédia foi muito livre. Eu não queria escrever uma tese académica sobre Dante, nao queria fazer um ensaio-literário- em-verso. Já tenho escrito livros a partir de outros autores, com toda a bibliografia aberta ao meu lado, conjugando o jogo da ficção e da investigação. No di Pedro Eiras 48 Inferno LXVI-LXVII 01-02/2022 Dante fuori di sé caso do Inferno, percebi que mergulhar na bibliografia sobre Dante me paralisaria. Isto é muito paradoxal mas, para escrever sobre a Divina Comédia, precisei de a fechar, para chegar ao livro tive de perder o livro, tive de escrever de memoria, de olhos fechados. Claro que o meu livro também fala do caminho perdido, dos guias ou da sua ausência, dos suicidas, dos ambiciosos, dos orgulhosos, enfim, de toda a humanidade, tanto nos séculos XIII e XIV como nos séculos XX e XXI, claro que o meu livro procura responder ao livro de Dante, e para responder é preciso lembrar, mas às vezes também é preciso esquecer um pouco…
Inferno, VIII
O que vemos é terrível.
Mas é muito pior
o que não vemos,
porque nem sabemos
que o não vemos.
Porque os telescópios, os microscópios
deixam ver
o distante
e o pequeno;
porque inventámos instrumentos
para ver o que sabíamos
que não víamos,
mas nenhum para ver
o que não sabemos
que não vemos.
Porque ninguém conhece a sua cegueira,
senão demasiado tarde, quando
o incêndio apagou,
o vento enterrou as cinzas,
e já ninguém sabe onde isto tudo aconteceu.
Mesmo o que vemos
desgastamos; por lapso,
por incúria, destruímos;
e tambem porque estragar, ao fim e ao cabo,
nos distrai.
Mas muito mais destruimos
o que não vemos,
porque não o vemos, e
nem sabemos que destruímos.
E não ver não nos torna
inocentes;
porque deveríamos ver o que não vemos,
porém não vemos
o que não vemos.
(Pedro Eiras)
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Inferno, VIII
Ciò che vediamo è terribile.
Ma è peggio
ciò che non vediamo,
perché non sappiamo
di non vederlo.
Perché i telescopi, i microscopi
lasciano vedere
ciò che è distante
e ciò che è piccolo;
perché abbiamo inventato strumenti
per vedere ciò che sapevamo
che non avremmo visto,
ma nessuno per vedere
ciò che non sappiamo
di non vedere.
Perché nessuno conosce la propria cecità,
se non troppo tardi, quando
l’incendio è stato domato,
il vento ha sepolto le ceneri,
e ormai nessuno sa dove tutto questo è successo.
Anche ciò che vediamo
logoriamo; per errore,
per incuria, distruggiamo;
anche perché rovinare, dopo tutto,
ci distrae.
Ma distruggiamo di più
ciò che non vediamo,
perché non lo vediamo, e
non sappiamo nemmeno di distruggere.
E non vedere non ci rende
innocenti;
perché dovremmo vedere ciò che non vediamo,
invece non vediamo
ciò che non vediamo.
(traduzione di Michela Graziani)
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19 settembre 2024 Il saluto del Direttore Francesco Stella
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8 ottobre 2021 Dante: riletture e traduzioni in lingua romanza. Firenze, Institut Français
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